Caríssimos irmãos e irmãs, neste mês de novembro, dia 02, celebraremos a COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS DEFUNTOS. Conforme a Doutrina da Igreja, o Cat. Igreja Católica nº 1949, e as reflexões litúrgicas, deve ser assim também a nossa fé, neste Ano do Jubileu da Encarnação, com o tema: Peregrinos da Esperança e o lema: A esperança não decepciona (Rm 5,5). Não celebramos a morte e sim a VIDA de nossos entes queridos, que já fizeram sua PÁSCOA definitiva para junto de Deus Pai. Logo, a morte não é um fim e sim uma passagem desta vida para a eternidade. E a grande esperança nesta passagem para a vida eterna é Jesus Cristo, que ressuscitou dos mortos.
Quando o Papa Francisco diz: “estamos de passagem. Somos feitos para o céu”, reforça o Mistério Pascal de Jesus – Paixão, Morte e Ressurreição, o qual é o centro de nossa fé cristã, reafirmando aquilo que a Doutrina da Igreja Católica nos ensina e nós acreditamos e buscamos pôr em prática no nosso dia a dia. Porém, há um desafio muito grande em nós para nos desapegarmos das coisas deste mundo. Mesmo sendo pessoas de fé e até praticantes, em muitas delas nos passa a sensação de que a eternidade será aqui. Não conseguem entender a dimensão da eternidade como um lugar fora deste mundo e deste corpo mortal.
Muitos de nós podemos viver tão imbuídos das coisas deste mundo e, mesmo sendo coisas boas e não tendo a intenção de causar mal algum a si ou ao outro, damos a entender que a eternidade é aqui e a vida após a morte não existe. Com isso, acabamos sofrendo, lutando para manter esse mundo como se fosse o lugar da eternidade: o Paraíso. Isso gera muitas dificuldades, muitas decepções, além do trauma de lidar com a morte do outro, bem como uma dificuldade ainda maior de lidar com a condição da própria vida.
São Paulo Apóstolo ressalta várias vezes, e em várias de suas cartas, que devemos buscar e aspirar as coisas do ALTO. Isto é, as coisas da ETERNIDADE. Isto vai fazendo-nos entender que as coisas deste mundo são, de fato, passageiras. Tudo é temporário. Tudo nasce, envelhece e morre, tudo. Há muitas tecnologias boas, que buscam prolongar a vida humana, mas não têm o alcance de nos tornar eternos aqui nesta terra.
Precisamos nos preparar mais para o além: A ETERNIDADE! Não podemos cair nesta expectativa ou tentação de que a vida ETERNA poderá ser aqui.
São Paulo, na carta aos Filipenses, diz: “Sinto-me num dilema: meu desejo é o de partir e ir estar com Cristo, mas o permanecer na carne também é necessário por vossa causa. Para que aumente a vossa fé e a Glória em Cristo Jesus” (Fl 1,23-26). É interessante que, quando Paulo fala isso, não quer dizer que ele tem o desejo de tirar a sua vida. É bem diferente. Existe nele um anseio de querer estar com Jesus, na sua Glória. Mas também Paulo percebe que é importante estar aqui para continuar levando mais e mais pessoas para o seguimento de Cristo Jesus, até que chegue a sua Páscoa definitiva. Ele prega incansavelmente a todos e em todos os lugares e, até mesmo estando dentro de uma prisão, como na carta a Filêmon 1,10-13. Vejamos que um homem, Paulo, que anseia constantemente estar com Jesus Ressuscitado no Reino dos Céus, é o mesmo que prega o Evangelho de forma incansável. Que este seja também o anseio de cada um de nós: Alegres e esperançosos, busquemos as coisas do alto e o anseio de sermos filhos do céu!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
— Para sempre seja louvado!
Dom Henrique Aparecido de Lima, C.Ss.R.
Bispo da Diocese de Dourados (MS)